Com incentivo do pai, japonês e desenhista, Simone Tanaka pôde desenvolver-se com escolas cujas bases acadêmicas deram-lhe a segurança do domínio do desenho.
Observando o rigor formal nos fundamentos de cor, textura e composição, pode-se considerar a pintura de Simone Tanaka tradicional. Mas, em essência, é pintura libertária da imaginação, intuitiva, sem indução ao pré-concebido ou ao real. Também é receptiva aos sentimentos, interpretações e emoções. Ao olhar de cada espectador funciona uma seleção diferente do que se quer ver frente à tela.
Houve uma dispersão da parte oriental da família. Talvez aí se encontre uma busca da razão da identificação, da afinidade com os artistas nipo-brasileiros: Flavio Shiró, Tomie Ohtake, Manabu Mabe e outros.
A abstração lírica carregada da cor da atmosfera real que cerca a artista. E há sol em sua cor! Também tensão. Os vermelho de crepúsculo e verdes emotivos, os azuis ora carinhosos e ternos, ora soturnos e quase silenciosos e as transparências sobrepostas exibem sem vaidade a intimidade com a matéria pictórica e seus suportes: acrílica, pincéis, tela. Entre o gestual e o grafismo da herança oriental, Simone opta por ambos. A pincelada ágil pode ater-se nas minúcias quando, brinca a artista, “baixa a parte Tanaka”.
João Henrique Amaral